Faz tempo que eu não passo por aqui, né? Estou de volta!
Vivemos tempos de cumprimento de profecias...
Essa é a minha impressão acerca dos acontecimentos de que temos notícia ultimamente: cristão perseguidos e mortos de todas as maneiras que essas duas palavras abarcam em si. Mas não é só isso! Vivemos um tempo duro, em que muitos são indiferentes a Deus e à Igreja, mas, como já dizia o então Padre Joseph Ratzinger em meados do século passado, os que permanecem são fiéis a Deus, à sua religião e aos seus princípios. Fiéis de verdade.
No início desse ano, participei de um retiro em que, numa pregação, o Pe. Denys Lima, comShalom (como eu) leu um trecho de um documento riquíssimo em significado e em beleza, o qual transcrevo abaixo.
Trata-se da Carta a Diogneto: uma carta remetida por um cristão anônimo a um pagão que habitava em territórios romanos e se interessava sobre tal religião, que crescia de maneira rápida e ia ao encontro de muitos desafios, silenciosamente enfrentados e vencidos. Devemos muito aos santos anônimos dessa época, pois eles perseveraram, sua doutrina chegou até nós e seu testemunho nos anima.
A carta foi escrita por volta do ano 120 d.C.
Sua beleza dispensa comentários.
CARTA
A DIOGNETO
Exórdio
1. Excelentíssimo Diogneto, vejo que te
interessas em aprender a religião dos cristãos
e que, muito sábia e cuidadosamente, te
informaste sobre eles: Qual é esse Deus
no qual confiam e como o veneram, para que todos
eles desdenhem o mundo, desprezem a morte, e não
considerem os deuses que os gregos reconhecem,
nem observem a crença dos judeus; que tipo
de amor é esse que eles têm uns para
com os outros; e, finalmente, por que essa nova
estirpe ou gênero de vida apareceu agora
e não antes. Aprovo esse teu desejo e peço
a Deus, o qual preside tanto o nosso falar como
o nosso ouvir, que me conceda dizer de tal modo
que, ao escutar, te tornes melhor; e assim, ao
escutares, não se arrependa aquele que
falou.
[...]
Os
cristãos não se distinguem dos demais
homens, nem pela terra, nem pela língua,
nem pelos costumes. Nem, em parte alguma, habitam
cidades peculiares, nem usam alguma língua
distinta, nem vivem uma vida de natureza singular.
Nem uma doutrina desta natureza deve a sua descoberta
à invenção ou conjectura
de homens de espírito irrequieto, nem defendem,
como alguns, uma doutrina humana. Habitando cidades
Gregas e Bárbaras, conforme coube em sorte
a cada um, e seguindo os usos e costumes das regiões,
no vestuário, no regime alimentar e no
resto da vida, revelam unanimemente uma maravilhosa
e paradoxal constituição no seu
regime de vida político-social. Habitam
pátrias próprias, mas como peregrinos:
participam de tudo, como cidadãos, e tudo
sofrem como estrangeiros. Toda a terra estrangeira
é para eles uma pátria e toda a
pátria uma terra estrangeira. Casam como
todos e geram filhos, mas não abandonam
à violência os recém-nascidos.
Servem-se da mesma mesa, mas não do mesmo
leito. Encontram-se na carne, mas não vivem
segundo a carne. Moram na terra e são regidos
pelo céu. Obedecem às leis estabelecidas
e superam as leis com as próprias vidas.
Amam todos e por todos são perseguidos.
Não são reconhecidos, mas são
condenados à morte; são condenados
à morte e ganham a vida. São pobres,
mas enriquecem muita gente; de tudo carecem, mas
em tudo abundam. São desonrados, e nas
desonras são glorificados; injuriados,
são também justificados. Insultados,
bendizem; ultrajados, prestam as devidas honras.
Fazendo o bem, são punidos como maus; fustigados,
alegram-se, como se recebessem a vida. São
hostilizados pelos Judeus como estrangeiros; são
perseguidos pelos Gregos, e os que os odeiam não
sabem dizer a causa do ódio. Numa palavra,
o que a alma é no corpo, isso são
os cristãos no mundo. A alma está
em todos os membros do corpo e os cristãos
em todas as cidades do mundo. A alma habita no
corpo, não é, contudo, do corpo;
também os cristãos, se habitam no
mundo, não são do mundo. A alma
invisível vela no corpo visível;
Também os cristãos sabe-se que estão
neste mundo, mas a sua religião permanece
invisível. A carne odeia a alma, e, apesar
de não a ter ofendido em nada, faz-lhe
guerra, só porque se lhe opõe a
que se entregue aos prazeres; da mesma forma,
o mundo odeia os cristãos que não
lhe fazem nenhum mal, porque se opõem aos
seus prazeres. A alma ama a carne, que a odeia,
e os seus membros; Também os cristãos
amam os que os odeiam. A alma está encerrada
no corpo, é todavia ela que sustém
o corpo; Também os cristãos se encontram
retidos no mundo como em cárcere, mas são
eles que sustêm o mundo. A alma imortal
habita numa tenda mortal; Também os cristãos
habitam em tendas mortais, esperando a incorrupção
nos céus. Provada pela fome e pela sede,
a alma vai-se melhorando; também os cristãos,
fustigados dia-a-dia, mais se vão multiplicando.
Deus pô-los numa tal situação,
que lhes não é permitido evadir-se.
Fonte: Blog do Carmadélio
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